quinta-feira, 21 de julho de 2011

A seleção brasileira da TV Globo

Já são conhecidas as barreiras estabelecidas pela Rede Globo de Televisão junto à transmissão do futebol no país, influenciando até a formatação do Campeonato Brasileiro deste esporte. Mas pouco tem sido comentado acerca do monopólio de transmissão em território nacional dos jogos da seleção brasileira de futebol, que há décadas são veiculados apenas por uma emissora, a mesma Rede Globo de Televisão, líder do oligopólio midiático nacional. Na melhor das hipóteses, quando não possui interesse em exibir, a Globo decide e repassa a outro operador.
Se no caso do Campeonato Brasileiro já se colocaram vários questionamentos sobre as opções do torcedor-consumidor de assistir ao seu time do coração, quando isso ocorre com a seleção do país o nível de questionamentos sobre os processos de negociação deveria aumentar, mas não é o que tem ocorrido. Afinal, alguém sabe ou ouviu falar como se dá a licitação dos direitos de transmissão desses jogos?
Para se ter uma ideia, o primeiro jogo da seleção após a Copa do Mundo de 2010 sequer foi veiculado por TV aberta porque se iniciaria às 21h, horário da principal telenovela da grade de programação da Globo. Mesmo que a transmissão da partida contra os Estados Unidos tenha sido transmitida de forma gratuita pelo portal Globo.com, com direito à mesma equipe de reportagem, a possibilidade de acesso à internet é bem menor, ainda mais se for considerado o preço do serviço com velocidade que permita assistir uma transmissão ao vivo pela rede. De evento gratuito, indiretamente virou algo que o torcedor de alguma forma teve de pagar.
Transmissão exclusiva em TV aberta
Para os amistosos e eventos da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), paira o silêncio de informações. Para se ter uma ideia, a atual edição da Copa América não pode ser transmitida pelo YouTube por conta do contrato de transmissão local. Já nos torneios oficiais da Federação Internacional de Futebol e Associados (Fifa), casos da Copa das Confederações e da Copa do Mundo, há um processo de licitação para todas as mídias – inclusive para o rádio, que não entra na negociação dos torneios brasileiros. Seja em TV aberta ou fechada, há muitas edições da Copa do Mundo as Organizações Globo detêm os direitos de transmissão, optando por repassá-lo ou não para outras emissoras.
Analise-se como se deu esse processo nos três Mundiais realizados neste século. A Globo transmitiu sozinha o Mundial da Coreia do Sul/Japão, em 2002, por conta até mesmo de uma falta de expectativas no time que viria a ser pentacampeão mundial e também devido aos horários dos jogos, que ocorreriam de madrugada ou pela manhã. Ao longo do torneio, e também por causa do avanço do selecionado nacional, a emissora conseguiu atingir recordes de audiência, não previstos de serem conquistados nestes horários.
Para a Copa do Mundo da Alemanha, em 2006, a opção da Rede Globo foi por transmitir de forma exclusiva em TV aberta, dado o sucesso do torneio anterior e do próprio escrete nacional, que contava, por exemplo, com um Ronaldinho Gaúcho duas vezes eleito o melhor jogador do mundo. Em televisão fechada, houve o repasse para o BandSports, do Grupo Bandeirantes, que naquele evento contou com a principal equipe de transmissão da Band.
Exclusividade continuará em 2014
Em 2006, houve uma denúncia por parte da Rede Record contra a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Fifa, já que a emissora alegara que ofereceu o dobro do que oferecera a líder do oligopólio midiático nacional e ainda assim não ficou com os direitos de exibição da edição seguinte do evento. A Fifa respondeu que a negociação ficava por conta das federações nacionais; já a CBF alegou que as “relações históricas” entre a Globo e a entidade, com sua experiência comprovada nas transmissões, foram levadas em consideração.
Seguindo a evolução da parceria no futebol em geral, retomada em 2004, após a Record recusar os limites impostos pela Rede Globo, à Band foi repassado o direito de transmissão da Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, assim como da Copa das Confederações, evento preparativo para o Mundial no ano anterior. Como, em quatro anos atrás, o selecionado nacional chegava como um dos principais favoritos, apesar das críticas ao técnico Dunga – que, inclusive, criou um inédito mal-estar entre a CBF e as Organizações Globo, principalmente a partir do veto imposto por ele às benesses que só a emissora tinha, como entrevistar de forma exclusiva o próprio treinador e jogadores.
Daqui a três anos, o maior evento do futebol mundial ocorrerá no Brasil e, até o ponto que se sabe, não há uma definição clara sobre as transmissões, a não ser que a Rede Globo será uma das exibidoras. A emissora continuará com a exclusividade em veicular os amistosos da seleção – por mais que não se saiba como se dá esse acordo – e poderá repassar os demais torneios para a sua parceira, a Band, que não representa um perigo para a líder, já que em regra não disputa os primeiros lugares de audiência. Neste ano, os campeonatos sul-americanos de categorias de base – onde a Globo só transmitiu a final do sub-20 porque garantiria vaga nos Jogos Olímpicos, que ela não irá exibir – e da Copa do Mundo de Futebol Feminino são exemplos desses eventos repassados.
Jogos serão narrados pela mesma voz
Se, para os Jogos Olímpicos de 2016, que ocorrerão no Rio de Janeiro, o Comitê Olímpico Internacional optou por dividir a transmissão entre as principais emissoras brasileiras, não é de se esperar que o bom senso prevaleça em relação ao Mundial de futebol. Basta olhar as recentes denúncias envolvendo a Fifa e a CBF, através de seus presidentes, Joseph Blatter e Ricardo Teixeira, que estarão nos cargos até lá.
Os jogos de futebol da seleção que representa o país com mais títulos mundiais deverão continuar a ser narrados pela mesma voz, a qual, inclusive, foi alvo de campanha durante a Copa da África do Sul, espalhada mundialmente por uma rede social, por mais que a responsabilidade de escutar-se somente ela (e seu ufanismo) em jogos do Brasil não seja do seu proprietário, mas de quem o paga.
***
[Valério Cruz Brittos e Anderson David Gomes dos Santossão, respectivamente, professor titular no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos e doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Facom-UFBA; e mestrando no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos]

terça-feira, 28 de junho de 2011

Luís Fabiano ou Adriano… Contundidos, os dois sonham com a mesma coisa: ser o camisa 9 da Seleção Brasileira. Quem merece?

divulgacao68 Luís Fabiano ou Adriano... Contundidos, os dois sonham com a mesma coisa: ser o camisa 9 da Seleção Brasileira. Quem merece?


CT do Parque Ecológico...
CCT da Barra Funda...
Dois terrenos tão distintos, tão rivais...
Nestes dois locais está ocorrendo a mesma coisa...
Dois artilheiros contundidos têm a certeza de que, recuperados...
Serão titulares da Seleção Brasileira...
Sonham que os gols marcados por seus clubes forcem Mano a convocá-los...
Adriano ouviu muito isso de Ronaldo...
Mesmo com seus excessos, o atacante entrou na fase decisiva da recuperação...
O fisioterapeuta Bruno Mazziotti acredita que pode antecipar os cinco meses previstos...
Quando Adriano operou o seu tendão de Aquiles esquerdo em abril...
A previsão era que futebol só em setembro...
Mas todos trabalham otimistas...
Pensam talvez no final de julho, começo de agosto...
O que irá coincidir com o final da Copa América...
Adriano é estimulado no Corinthians pela falta de um artilheiro forte, de área...
Mano teve de apelar para Fred, que é inferior tecnicamente a Adriano...
Neymar, Robinho, Pato são outro estilo...
O corintiano tem em Ronaldo o exemplo...
Mesmo no final de carreira e com seu futebol diferente do que era...
Quase a mídia e a torcida o levaram de volta para a Seleção...
Se ele não tivesse desleixado depois do mágico primeiro semestre de 2009...
Dunga teria dificuldades em não chamá-lo...
Tanto que acabou levando Grafite para a África do Sul...
Essa é a esperança de Adriano...
Apesar de sua vida noturna tranformar Sodoma e Gomorra em retiro par velhos...
Ele tem apenas 29 anos...
Não sofreu contusões graves nos joelhos ou tornozelos...
Com exceção do ombro e agora do Tendão de Aquiles teve sorte na carreira...
No máximo, a partir de agosto, só terá de entrar em forma...
E pilhado por Ronaldo...
Adriano ouve toda semana do agora empresário que o Brasil não tem um artilheiro...
Que a Seleção espera por ele...
O mesmo é dito no CCT...
Os fisiologistas, Rogério Ceni, Rivaldo...
Todos fazem fila para animar Luís Fabiano...
O atacante foi contratado por R$ 20 milhões...
E apresentado com festa da torcida do São Paulo...
Mais de 45 mil apaixonados pelo clube foram lhe dar boas-vindas...
Em março...
Desde então, esteve duas vezes para estrear: contra Goiás e Avaí...
E operação...
O problema, de acordo com os médicos, estava em um tendão próximo ao joelho direito...
O tendão se rompeu e o departamento médico do São Paulo tentou tratar com fisioterapia...
Mas não deu resultado...
Submeteu o atacante à cirurgia quando percebeu que não havia mais jeito...
Luís Fabiano chegou a chorar nos últimos testes, tentando jogar...
A previsão de retorno é a mesma de Adriano: agosto...
Só que Luís Fabiano está empenhado em voltar antes...
Ele foi o primeiro a insistir na saída do Sevilla após a Copa do Mundo...
Ficou muito frustrado com a eliminação precoce do Brasil...
E percebeu que com a saída de Dunga, seu espaço desapareceria com Mano...
Só a pressão interna, no Brasil...
Jogando pelo São Paulo poderia garantir seu retorno à Seleção...
Por isso seu entusiasmo todo quando a negociação se iniciou...
Ele também tem apenas 30 anos...
Mas também tem um passado limpo...
Escapou das contusões mais graves...
Os dois artilheiros estão desesperados para voltarem a atuar no Brasil...
Não falarão nunca em público...
Mas sabem que o nível técnico está baixo...
Propício a quem sabe fazer gol...
Agora fica a aposta: quem ocupará a vaga de artilheiro experiente, vivido de Mano?
Adriano?
Luís Fabiano?
Ambos garantem ter fôlego até para a Copa de 2014...
Quem é mais interessante?
O problemático fora de campo?
O problemático dentro do campo?
Façam suas apostas...
Só tem lugar para um...
Se tiver.

do  Blog do Cosme Rímoli

sábado, 25 de junho de 2011

O LEGADO DE DOM HELDER CAMARA

O LEGADO DE DOM HELDER CAMARA


 O arcebispo Dom Helder Camara (1909-1999) é figura singular na história da Igreja Católica no Brasil. Diminuto, magérrimo, poucos o superavam em oratória: adornava as ideias com gestos efusivos e um senso de humor incomum ao se tratar de bispos. Por onde andasse, lotava auditórios: Paris, Nova York, Roma... Entre os anos de 1960-80, apenas dois brasileiros gozavam de ampla popularidade no exterior: Pelé e Dom Helder.

 Tamanho o carisma dele que, em 1971, em Paris, convidado a falar num salão capaz de comportar 2 mil pessoas, tiveram que transferi-lo para o Palácio de Esportes, que abriga 12 mil.



Hábitos simples


 Conheci-o em 1962, ao chegar ao Rio, vindo de Minas, para integrar a direção nacional da JEC (Juventude Estudantil Católica). Dom Helder era bispo-auxiliar da arquidiocese carioca e responsável pela Ação Católica. Vivia de seu salário como assessor técnico (aprovado em concurso público) do Ministério da Educação, morava modestamente, almoçava em botequim – ou melhor, beliscava, pois a vida toda comeu como passarinho – e subia as favelas como quem se sente em casa, sempre trajando batina, hábito mantido por toda a vida, mesmo quando o Concílio Vaticano II (1962-1965) permitiu aos clérigos saírem à rua em trajes civis.

 Desde seus tempos de seminarista em Fortaleza – nascera em Messejana, hoje bairro da capital cearense – Dom Helder cultivava hábitos incomuns: deitava-se por volta das dez ou onze da noite, levantava-se às duas da madrugada, trocava a cama por uma cadeira de balanço, na qual orava, meditava, lia e escrevia cartas e poemas. Todos os seus livros foram concebidos naquele momento de “vigília”, como dizia. Às quatro retornava ao leito, dormia por mais uma hora para, em seguida, celebrar missa e iniciar seu dia de trabalho.

 Com frequência Dom Helder visitava a “república” das Laranjeiras, onde se amontoavam os estudantes dirigentes da JEC e da JUC (Juventude Universitária Católica). Betinho (Herbert Jose de Souza) e José Serra, líderes estudantis, encontravam ali hospedagem garantida ao vir de Minas ou São Paulo.

 Era Dom Helder quem nos assegurava, graças a seus relacionamentos em todas as camadas sociais, passagens aéreas pelo Brasil, bolsas de estudos, e até alimentação. Na época, o governo dos EUA, preocupado com a ameaça comunista na América Latina (sobretudo após a vitória da Revolução Cubana), lançara a campanha “Aliança para o Progresso”, que consistia, basicamente, em remeter alimentos às famílias miseráveis.

 Para socorrer-nos da penúria na “república”, Dom Helder, responsável pela distribuição dos donativos, nos enviava caixas de papelão contendo o que denominávamos “leite da Jaqueline” e “queijo do Kennedy”. Como os produtos ficavam meses no porto, sujeitos ao calor carioca, vários de nós tivemos problemas de saúde por ingeri-los.



Senso de oportunidade


 O maior sonho de Dom Helder era a erradicação da miséria no mundo. Sonhava com o ano 2000 sem fome. Ainda no Rio, criou o Banco da Providência e a Cruzada São Sebastião, no intuito de pôr fim às favelas. Graças a doações, edificou no Leblon um conjunto de prédios, para cujos apartamentos transferiu famílias de uma favela próxima. Não deu certo. Sem recursos para pagar os impostos (luz, água, telefone...), os moradores passaram a sublocar os domicílios e a obter renda graças à venda de torneiras, pias e outras peças do imóvel.

 Para angariar recursos a suas obras, Dom Helder não titubeava em comparecer a programas de auditório de grande audiência televisiva. Certa ocasião, foi convidado por um apresentador para sortear prendas expostas no palco e vistas por todos, exceto pela pessoa trancada numa cabine opaca. Calhou de ser um desempregado. “Seu Joaquim, o senhor troca isto por aquilo?” E sem nomear o objeto, Dom Helder apontava um liquidificador e, em seguida, um carro. Seu Joaquim respondia “sim” e toda a platéia vibrava. Em seguida, Dom Helder indagou se trocava o carro por um abridor de latas. O homem topou. E não mais arredou pé, cismou que escolhera a melhor prenda. Ao sair da cabine, recebeu dos patrocinadores, decepcionado, o abridor. E Dom Helder mereceu um polpudo cheque. O arcebispo não teve dúvidas: “Seu Joaquim, o senhor troca este cheque pelo abridor?”

 No dia seguinte, no Palácio São Joaquim, onde funcionava a cúria do Rio, criticamos Dom Helder por ter aberto mão de um recurso que poderia reforçar suas obras sociais. Ele justificou-se: “Perdi o cheque, ganhei em publicidade. Esperem para ver quanto dinheiro vou angariar.”



Visão empreendedora


 Homem carismático, dotado de forte espírito gregário, era difícil alguém – incluído quem o criticava – não se deixar envolver pela energia que dele emanava no contato pessoal. JK quis que se candidatasse a prefeito do Rio. Dom Helder jamais aceitou meter-se em política partidária; bastava-lhe, como lição, o erro de juventude, quando demonstrou simpatia pelos integralistas.

 Por sua iniciativa, foram fundados, em 1955, o CELAM – Conselho Episcopal Latino-Americano -, que congrega e representa os bispos do nosso Continente, e a CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, pólo articulador dos prelados de nosso país, do qual ele foi o primeiro secretário-geral.



Bispo vermelho


 Numa época em que não havia Igreja progressista nem Teologia da Libertação, Dom Helder, graças à sua sensibilidade social e sua opção pelos pobres, era tido por comunista, difamação acentuada após a implantação da ditadura militar no Brasil, em 1964. Costumava comentar: “Se defendo os pobres, me chamam de cristão; se denuncio as causas da pobreza, me acusam de comunista”.

 Nomeado arcebispo de São Luís (MA) no mesmo mês do golpe, antes de tomar posse o papa Paulo VI o transferiu para Olinda e Recife, onde permaneceu até morrer.

 Em 1972 o nome de Dom Helder despontou como forte candidato ao Prêmio Nobel da Paz. Há fortes indícios de que não foi laureado por duas razões: primeiro, pressão do governo Médici. A ditadura se veria fortemente abalada em sua imagem exterior caso ele fosse premiado. Mesmo dentro do Brasil Dom Helder era considerado persona non grata. Censurado, nada do que o “arcebispo vermelho” falava era reproduzido ou noticiado pela mídia de nosso país.

 A outra razão: ciúmes da Cúria Romana. Esta considerava uma indelicadeza, por parte da comissão norueguesa do Nobel da Paz, conceder a um bispo do Terceiro Mundo um prêmio que deveria, primeiro, ser dado ao papa...

 No Recife, Dom Helder lançou a Operação Esperança: promoveu reforma agrária nas terras da arquidiocese; passou a visitar favelas, mocambos e bairros pobres; estreitou laços com artistas, universitários e intelectuais.

 Graças ao seu poder de articulação e carisma profético, em 1973 bispos e superiores religiosos do Nordeste fizeram ecoar a primeira denúncia cabal à ditadura feita por católicos: o manifesto “Ouvi os clamores de meu povo”. O documento, recolhido pela repressão, foi divulgado através de edições clandestinas mimeografadas.



Homem de fé


 Um dia, o governo militar, preocupado com a segurança do arcebispo de Olinda e Recife, temendo que algo acontecesse a ele – um atentado ou “acidente” - e a culpa recaísse sobre o Planalto, enviou delegados da Polícia Federal para lhe oferecer um mínimo de proteção. Disseram-lhe: “Dom Helder, o governo teme que algum maluco o ameace e a culpa recaia sobre o regime militar. Estamos aqui para lhe oferecer segurança”.

 Dom Helder reagiu: “Não preciso de vocês, já tenho quem cuide de minha segurança”. “Mas, Dom Helder, o senhor não pode ter um esquema privado. Todos que dispõem de serviço de segurança precisam registrá-lo na Polícia Federal. Esta equipe precisa ser de nosso conhecimento, inclusive devido ao porte de armas. O senhor precisa nos dizer quem são as pessoas que cuidam da sua segurança.”

 Dom Helder retrucou: “Podem anotar os nomes: são três pessoas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo.”

 Dom Helder morava numa casa modesta ao lado da igreja das Fronteiras, no Recife. Frequentemente, as pessoas que tocavam a campainha eram atendidas pelo próprio arcebispo. Certa noite, a polícia fez batida numa favela da capital pernambucana, em busca do chefe do tráfico de drogas. Confundiu um operário com o homem procurado. Levou-o para a delegacia e passou a torturá-lo.

 Pela lógica policial, se o preso apanha e não fala é porque é importante, treinado para guardar segredos. Vizinhos e a família, desesperados, ficaram em volta da delegacia ouvindo os gritos do homem. Até que alguém sugeriu à esposa do operário recorrer a Dom Helder.

  A mulher bateu na igreja das Fronteiras: “Dom Helder, pelo amor de Deus, vem comigo, lá na delegacia do bairro estão matando meu marido a pancadas.” O prelado a acompanhou. Ao chegar lá, o delegado ficou assustadíssimo: “Eminência, a que devo a honra de sua visita a esta hora da noite?”

 Dom Helder explicou: “Doutor, vim aqui porque há um equívoco. Os senhores prenderam meu irmão por engano.” “Seu irmão?!” “É, fulano de tal – deu o nome – é meu irmão”. “Mas, Dom Helder – reagiu o delegado perplexo -, o senhor me desculpe, mas como podia adivinhar que é seu irmão. Os senhores são tão diferentes!”

 Dom Helder se aproximou do ouvido do policial e sussurrou: “É que somos irmãos só por parte de Pai”. “Ah, entendi, entendi.” E liberou o homem.

 De fato, irmãos no mesmo Pai.


Perseguições e direitos humanos


 Durante o regime militar, Dom Helder moveu intensa campanha no exterior de denúncia de violações dos direitos humanos. O governador de São Paulo, Abreu Sodré, tentou criminalizá-lo. Alegava ter provas de que Dom Helder era financiado por Cuba e Moscou. Alguns bispos ficavam sem saber como agir, como foi o caso do cardeal de São Paulo, Dom Agnelo Rossi, amigo do governador e de Dom Helder. Não foi capaz de tomar uma posição firme na contenda. Mais tarde a denúncia caiu no vazio, não havia provas, apenas recortes de jornais.

 Incomodava ao governo ver desmoralizada, pelo discurso de Dom Helder, a imagem que ele queria projetar do Brasil no exterior, negando torturas e assassinatos. Dom Helder ressaltava que, se o governo brasileiro quisesse provar que ele mentia, então abrisse as portas do país para que comissões internacionais de direitos humanos viessem investigar, como havia feito a ditadura da Grécia.

 Se hoje, na Igreja, se fala de direitos humanos, especificamente na Igreja do Brasil, que tem uma pauta exemplar de defesa desses direitos, apesar de todas as contradições, isso se deve ao trabalho de Dom Helder. Nenhum episcopado do mundo tem agenda semelhante à da CNBB na defesa dos direitos humanos. A começar pelos temas anuais da Campanha da Fraternidade: idoso, deficiente, criança, índio, vida, segurança etc.  Neste ano de 2010, economia. Isso é realmente um marco, algo já sedimentado. Também as Semanas Sociais, que as dioceses, todos os anos, promovem pelo Brasil afora, favorecem a articulação entre fé e política, sem ceder ao fundamentalismo.

 A Igreja Católica e o Brasil devem muito a Dom Helder Câmara, que desclandestinizou a pobreza existente em nosso país e induziu poder público e cristãos a encarar com seriedade os direitos dos pobres à vida digna e feliz. O profeta nascido em Messejana foi, sim, um autêntico discípulo de Jesus Cristo.


Frei Betto é escritor, autor do romance “Um homem chamado Jesus” (Rocco), entre outros livros. Twitter:@freibetto 
Extraído de www.freibetto.org

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O que tá rolando por aí......


uau!!!!!!!!!!!!!

Katy Perry, vestida de bombom, ataca o sistema de saúde dos EUA e o 'american way of life'

no Opera Mundi

Katy Perry parece entender o pop como poucas cantoras nos dias de hoje. Com músicas provocantes e temáticas adolescentes, a cantora atingiu os primeiros lugares das paradas de sucesso. Mas, agora, Katy parece querer mostrar que não é apenas mais uma cantora com um corpão em roupinhas minúsculas. Katy Perry quer ser inteligente, quer falar de política.
Reprodução

No mais recente número da revista Rolling Stone, que chega às bancas hoje, 24 de junho, Katy diz que está se questionando sobre o mundo. "Acho que estamos precisando desesperadamente de uma mudança revolucionária na maneira como pensamos. Nossa prioridade é a fama, e a ajuda ao bem-estar dos outros está em baixa...", diz a cantora, filha do pastor californiano Keith Hudson. Mas Katy vai além, afirmando que "o fato da América não ter um sistema de saúde gratuito me deixa absolutamente enlouquecida. Isso é tão errado!"

Na mesma entrevista, ela culpa os bancos e o dinheiro pela falência da sociedade americana. "Apenas aos poucos e com muito cuidado estou vendo como são as coisas na realidade", reforçou. Cantora de gospel na California até os 17 anos, Katy teve uma educação cristã, até que estourou com a provocante música "I kissed a girl" em 2008. Desde então, vem sendo uma séria ativista pelo direito dos homossexuais e chegou a afirmar, numa entrevista ao vivo a uma rádio francesa, que, apesar de ser casada com o humorista inglês Russel Brand, gosta de meninas, "de vez em quando".
Na Rolling Stone, outro assunto polêmico na vida da cantora: seus peitos. Em cada clip, show ou aparição pública, Katy não tem vergonha dos atributos que ela mesma atribui à ajuda divina. "Comecei a rezar a Deus para tivesse peitos grandes quando tinha 11 anos. E ele me atendeu 100 vezes mais do eu esperava, até que eu pensei, 'pode parar Deus, que eu não consigo ver meus pés'".

Exagero ou não, na capa da revista cantora aparece com um top prateado em formato de chocolate Kiss – aqueles que, na pontinha, têm um papel para ajudar a desembrulhar o bombom.

No seu último clip, lançado há poucas semanas, a cantora usa o alterego de uma menina nerd para falar de uma superfesta na sexta-feira. O vídeo se chama "Last friday night" e também faz uma homenagem aos anos 1980, em roupas e cabelos e uma participação do saxofonista Kenny G.

Katy Perry estará no Brasil em setembro. No dia 23/9 ela canta no Rock in Rio e, no dia 25, faz um show na chácara do Jóquei, em São Paulo.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

POR QUE JULIAN ASSANGE FOI PRESO?

Do Blog do Rovai
http://www.revistaforum.com.br/blog/


Se você é daqueles que gostaria de entender melhor as acusações que pesam contra o criador da Wikileaks, Julian Assange, aconselho-o a ler este trecho final de uma matéria do UOL. É elucidativo.
Pelos motivos que seguem é que ele foi incluído na lista dos mais procurados da Interpool.
Os donos do mundo ainda acham que somos todos uns imbecis. O mais impressionante é que sua prisão não está causando comoção midiática. Se ele estivesse sendo  perseguido pelo governo de Chávez ou de Ahmadinejad haveria uma indignação generalizada.
Segundo a Justiça sueca, ele cometeu estupro, assédio sexual e coerção ilegal contra duas mulheres. Os argumentos usados pela promotoria não estão claros, mas a prática de sexo desprotegido pode ser considerada uma categoria leve de estupro na Suécia. Assange manteve relações sexuais com duas mulheres, em datas distintas, enquanto dava palestras em Estocolmo.
Assange afirma que as relações foram consensuais. Segundo depoimentos das vítimas, o preservativo estourou com uma delas e com a outra Assange teria se recusado a usá-lo. A defesa de Assange alega que a ação da Suécia é uma retaliação em relação a vazamentos divulgados pelo WikiLeaks sobre o país.
Em um imbróglio judicial, a Justiça sueca chegou a reabrir a investigação sobre a acusação de estupro. A decisão reverte sentença da procuradora-geral em Estocolmo, Eva Finné, que fechou o caso de estupro pro falta de indícios, mantendo apenas uma denúncia, por outra vítima, de assédio sexual. Finné, por sua vez, havia revertido a decisão de uma instância inferior de investigar a denúncia.
O caso chegou a render uma ordem de prisão contra Assange no dia 21 de agosto, retirada pouco depois. Assange nega as acusações e diz que as denúncias são uma tática do Pentágono para desmerecer seu site.
Há uma semana, a promotora federal, Marianne Ny, voltou a emitir uma ordem de detenção de Assange, que acabou escalada no alerta vermelho da Interpol.
Caso seja condenado, Assange pode receber sentença de até quatro anos de prisão.